Sapinho, caspa e brotoeja estão no rol de incômodos corriqueiros nos primeiros meses de vida. Mas eles são transitórios e podem ser corrigidos com estratégias simples – e muitas vezes, naturais
O sistema imunológico do bebê é imaturo, por isso até crianças saudáveis podem apresentar alterações, como sapinho e brotoejas, em seus primeiros meses. Qualquer sintoma deve ser comunicado ao pediatra. Só ele saberá diferenciar, por exemplo, se a conjuntivite – comum nessa fase – foi causada por vírus ou bactéria, orientando o tratamento. Mas nada de pânico. Não é preciso correr ao pronto-socorro a cada manchinha que surgir. As consultas periódicas com o pediatra, por si só, evitarão que algo grave passe batido aos olhos do médico. E o melhor é que existem soluçõessimples para tratar os probleminhas típicos dos bebês. Aprenda!
Conjuntivite
O tipo bacteriano pode ser contraído no parto, quando o bebê passa pela vagina e entra em contato com os micro-organismos que compõem a flora natural. Mas, nos recém-nascidos, o quadro mais comum é o provocado por vírus. Isso porque, além da imunidade pouco desenvolvida, eles também costumam ser muito acariciados, favorecendo o contágio.
Logo após o parto, é praxe aplicar um colírio de nitrato no pequeno para minimizar os riscos de conjuntivite bacteriana. Para prevenir a viral, todos devem lavar as mãos ou usar álcool gel antes de pegar o bebê. Assim como evitar beijá-lo próximo aos olhos, pois temos muitos germes na flora bucal. Se mesmo assim as bactéria entrarem em ação, o pediatra vai recomendar um colírio com antibióticos e corticoides. Em caso de vírus, o tratamento se resumirá à higiene do local. Nas duas situações, além de limpar os olhos do bebê com água filtrada, boricada ou soro fisiológico, você pode fazer compressa com algodão embebido em chá de camomila frio, que tem efeito calmante.
Sapinho
As placas esbranquiçadas que surgem na boca e na língua do bebê são causadas pelo fungo Candida albicans. Ele é transmitido ao pequeno por meio do seio da mãe, caso exista alguma fissura ou se o mamilo não tiver sido bem limpo entre as mamadas. Bicos (de mamadeira e chupeta) mal lavados também estão por trás do sapinho, assim como antibióticos que o bebê ou a mãe tomarem, caso ela o amamente – isso porque esse tipo de medicamento altera a flora natural da boca.
A pega correta do seio (o bebê deve abocanhar toda a aréola) no aleitamento previne rachaduras e, assim, a proliferação de micro-organismos. Após a mamada, espalhe um pouco de leite nos mamilos, já que ele tem efeito bactericida. Use absorventes de seio para evitar que o sutiã fique úmido – e não se esqueça de trocá-los com frequência, sempre que estiverem molhados.
Chupetas e mamadeiras devem ser esterilizadas após o uso. Associado ao tratamento com antifúngicos indicado pelo pediatra, vale para passar um algodão umedecido com chá de poejo frio, três vezes ao dia. Ou, então, limpar a boca do bebê com água filtrada e bicarbonato de sódio (misture uma colher de chá em 250 ml de água).
Brotoejas
Elas são bolinhas vermelhas que surgem no pescoço, nas axilas, no tronco e em algumas dobrinhas. E aparecem porque, como os poros do bebê são muito pequenos, as glândulas que produzem o suor podem ficar entupidas, principalmente em regiões abafadas pela roupa. Evite agasalhar demais o bebê e prefira roupas largas e de tecidos naturais, como algodão. Para aliviar a coceira provocada pelas brotoejas, despeje um pouco de amido de milho na água do banho. Você também pode passá-lo diretamente sobre a pele do bebê, como se fosse talco.
Caspa
A descamação da pele na cabeça e nas pálpebras, chamada de dermatite seborreica, pode ser resultado da ação de alguns hormônios maternos, como a progesterona, que tornam a pele do bebê oleosa. Ela também aparece na região do bumbum e banhos quentes podem piorar o quadro.
Não é preciso fazer nada, pois ela tende a desaparecer sozinha. Mas, em alguns casos, a caspa gera coceiras. Se você perceber que o bebê está irritado por causa disso, remova as crostas com a ajuda de óleo infantil ou de amêndoas e uma escova macia, antes do banho. Depois, é só lavar normalmente com produtos específicos para bebês.
Cabeça achatada
A alteração está associada à posição em que o bebê fica deitado. Algumas crianças já nascem assim por conta da falta de espaço no útero (no caso de gêmeos), líquido amniótico escasso ou por terem se encaixado precocemente na pelve da mãe. Mas a maioria desenvolve o problema depois, ao ficar muito tempo na mesma posição. Como as moleiras ficam abertas até os 18 meses, a cabeça é molinha e fácil de amassar, digamos.
Evite deixar o bebê com a cabeça apoiada na mesma posição o dia inteiro, principalmente nos primeiros três meses. Mesmo deitado de barriga para cima, que é a maneira ideal de o recém-nascido dormir, vire a cabeça dele para um dos lados e, na noite seguinte, para o outro. Use o bebê conforto apenas no carro. Em alguns casos, é preciso reposicionar o bebê, ou seja, estimulá-lo a virar para o lado a que ele está menos habituado. Vale chamar a atenção dele com brinquedos, deitando-o de bruços ou usando rolinhos, sempre com a supervisão de um adulto.
Carregue o bebê em cangurus ou slings bem ajustados, assim ele não vai ficar o tempo todo apoiado na parte de trás da cabeça. Por fim, em casos de alterações mais expressivas, pode ser necessário o uso de capacetes próprios para corrigir a posição da cabeça, antes dos 14 meses de idade.
Fontes: Adauto Barbosa, pediatra do Comitê de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria; Ana Lúcia Paulo, pediatra homeopata da Associação Paulista de Homeopatia; Gerd Schreen, médico especialista em plagiocefalia; Moisés Chencinski, pediatra homeopata, autor de Homeopatia - Mais simples do que Parece (Ed. Yechiel Moises Chencinski); Thomaz Rodolpho Júnior, oftalmologista pediátrico do Hospital Infantil Sabará (SP)
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